Ordenaciones Sacerdotales

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Celso da Silva, LC

Portugués

Eu em Cristo e Cristo em mim

São Jerônimo assim lembrava a um amigo seu: “os clérigos se chamam assim ou porque são propriedade do Senhor, ou porque o mesmo Senhor é a sua propriedade, isto é, é a riqueza dos clérigos. Sendo assim, o clérigo é propriedade do Senhor como tem o Senhor como propriedade, e deve se apresentar como tal, para que ele mesmo possua o Senhor e ao mesmo tempo seja possuído pelo Senhor” (São JerônimoCarta a Nepociano, sobre a vida dos clérigos e dos monges, 5). Este conselho de São Jerônimo para mim neste momento tem uma grande força espiritual: ser sacerdote é ter o Senhor como a única riqueza e ao mesmo tempo ser propriedade exclusiva do Senhor para o bem da sua Igreja.

Nasci no dia 07 de março de 1992 em Candeias-MG, Brasil. Sou o maior de dois filhos e os meus pais sempre foram muito católicos. Desde que tinha uso da razão eu já imaginava ser sacerdote. Logicamente teria que deixar o tempo amadurecer ou não aquela ideia que alguns viam simplesmente como coisas de crianças. Um dia estava numa missa de semana na minha paróquia e providencialmente conheci algumas consagradas do Regnum Christi que estavam de passagem pela minha cidade. Elas me perguntaram se eu queria ser sacerdote e eu disse que sim. Conheci então por meio de uma madrinha minha do Regnum Christi, Aparecida Cardoso, o Pe. Ángel Llorente LC, que me orientou e me acompanhou nos meus primeiros passos vocacionais. Desde o começo encontrei nos meus pais um grande apoio e uma fé enorme na minha decisão de sair tão pequeno de casa.

No dia 03 de janeiro de 2005 entrei na apostólica de São Paulo e como um garoto de 12 anos tudo era novo para mim. Fui aprendendo muitas coisas com um desejo de viver com intensidade o meu caminho, embora longo, ao sacerdócio. Agradeço o acompanhamento e a paciência de tantos padres e irmãos que foram meus formadores nos cinco anos de seminário menor. Como em todas as etapas, há lutas, dúvidas, provas, mas o que não pode faltar: a certeza de que Cristo tinha um desígnio para mim. 

Os meus dois anos de noviciado, o primeiro no Brasil e o segundo na Colômbia, foi um tempo de muito amadurecimento na minha resposta ao Senhor. Com a dinâmica do noviciado experimentei que se não pusesse a base da minha vida religiosa e logo sacerdotal todo o edifício cairia. A base é a amizade com Jesus Cristo, sincera, autêntica, pessoal. Se por um lado é a experiência de um encontro com Ele, por outro é a responsabilidade de anunciá-lo, de levá-lo aos que precisam Dele e não o conhecem. Conhecer Cristo não é possui-lo para si, mas anunciá-lo com todas as forças e com toda a nossa criatividade humana. Quanto mais se anuncia Cristo com a vida e com as obras, mais o conhecemos, porque Ele, anunciado por nós, nos interpela sempre. 

Logo a minha formação continuou em Salamanca, na Espanha, e em seguida com os estudos filosóficos em Roma. Posso dizer que a formação legionária é muito poliédrica. Pessoalmente considero que os estudos sagrados unidos aos estudos humanísticos é uma ferramenta importante para formar religiosos e sacerdotes não “armazéns de conhecimento”, mas homens preparados para entender, dialogar e amar o desafio missionário e evangelizador do nosso tempo. Tudo o que aprendemos no seminário é para ser útil para a Legião, para a Igreja, para as almas; é para que Cristo transforme, através de nós, este mundo e o coração de cada homem. Por isso, dentro das vicissitudes do período de formação, isto é o essencial que fica para sempre no coração de Deus: que o tempo e as energias investidas, seja por minha parte seja por parte dos meus formadores junto a oração e ao apoio de tantos não foi em vão. O grão de trigo caiu na terra e dará o seu fruto. 

Porém, a etapa mais desafiante para mim foram os três anos de práticas apostólicas. Aquilo era como um noivado, esse período de conhecimento mútuo entre duas pessoas. Eu conhecia mais a Legião e o Regnum Christi e ao mesmo tempo a Legião me conhecia. Porque no fundo a minha vida sacerdotal deverá ser sempre um dar, um sair, porque ninguém se torna sacerdote para viver fechado, cômodo, mas para ser “propriedade do Senhor” e, por tanto, estar ao serviço do seu povo. Estive dois anos trabalhando como formador e diretor de estudos na apostólica da Venezuela. As circunstâncias materiais, sociais, políticas não eram as melhores, mas me ajudaram a amadurecer tantas coisas. Tenho que dizer que a maior riqueza que encontrei ali e fez crescer o meu coração de futuro pastor é aquele povo espontâneo, próximo, religioso e generoso. No meu terceiro ano de práticas mudei de ambiente e foi enviado para Medellín, Colômbia, para trabalhar com adolescentes no Colégio Cumbres. Não posso relatar aqui todas as experiências vividas ali, mas partilho algo importante: àquelas alturas da partida do meu caminho vocacional, apoiado pelos meus superiores e por tanta gente que conheci, Deus me confirmava sempre que tinha me escolhido para ser o seu instrumento, que deveria ser dócil e deixar-me nas suas mãos, porque Ele não defrauda nunca. 

Logo em 2020 a minha teologia em Roma foi um período praticamente de situação pandémica. Mas isso não tirou para nada o desejo de seguir me formando serenamente e com confiança no Senhor porque, no fundo, queria dar toda a minha vida ao Senhor e a sua Igreja. Estes últimos anos de formação inicial é como um funil, onde temos que ir perfilando e objetivando aquilo que realmente conta no caminho da vida. Kierkegaard falava de “uma pureza do coração que consiste em ter uma só ideia”. Para mim a ideia se fortalecia e amadurecia com a oração, com o estudo, com o acompanhamento sereno e próximo dos meus formadores que me ajudaram na reta final, o Pe. Christopher Brackett LC e o Pe. Gonzalo Rebollo LC; e também com a vivência da vida fraterna, especialmente com os que conformamos a geração que se ordena. Tem gente boa e com boa preparação, sei disso. É uma maravilha saber que não dou este passo sozinho, estamos sustentados todos pelos Senhor e nos sustentamos mutuamente.

Santo Inácio de Loiola fala de experiência fundante que é como uma marca indelével no caminho da vida espiritual de uma pessoa. Quando fiz os meus exercícios espirituais de mês em 2020 lembro muito pouco do que rezei ali. Somente fiquei com uma experiência. Um dia dos meus exercícios no momento dos ofícios eu estava limpando a capela e me colocaram para limpar confessionários. Encontrava-me dentro do confessionário na parte onde se senta o sacerdote. Num determinado momento fiquei olhando atentamente o pequeno espaço onde me encontrava e pensei: em pouco tempo estarei aqui… e perdoarei. Sim, Cristo perdoará, eu perdoarei. Eu Nele e Ele em mim. Não contive as lágrimas. Parece que o tempo parou dentro daquele confessionário, porque a misericórdia é eterna e só a misericórdia pode frear o tempo dos homens, esse tempo às vezes carregado de misérias, de pecados, de fraqueza; esse tempo, esse homem, essa alma que, sendo abraçado pela misericórdia, poderá fixar de novo o olhar em Deus Pai e no seu amor que é eterno. E como se fosse pouco, naquela experiência fundante se cumpria o que escreveu São Jerônimo: Eu propriedade do Senhor; o Senhor a minha única riqueza. Eu Nele e Ele em mim.

Às portas do dom do sacerdócio sou muito feliz. Deus colocou pessoas maravilhosas no meu caminho, sem as quais, talvez eu não estaria aqui. Minha gratidão aos meus pais, Célio e Nilza e a meu irmão, Adelson, que sempre me sustentaram com a oração. A minha madrinha Aparecida que fez muito por mim neste longo caminho. Ao Pe. Ángel Llorente LC, sacerdote e amigo que desde o começo me apoiou e com a sua bondade e proximidade sempre esteve presente. A tantos amigos e conhecidos que passaram pelo meu caminho, a todos a minha gratidão. 

O sacerdócio não é o ponto de chegada, mas é o ponto de partida. O Espírito Santo que é- na intuição de São Basílio- “o artífice ou o artista da harmonia”, me conceda a graça de ser propriedade do Senhor e ter o Senhor como única riqueza para servir os homens com um coração misericordioso, dispensando com gratuidade os mistérios de Deus.   


Español

Yo en Cristo y Cristo en mí

San Jerónimo así recordaba a un amigo suyo: “los clérigos así se llaman o porque son propiedad del Señor, o porque el mismo Señor es su propiedad, es decir, es la riqueza de los clérigos. Siendo así, el clérigo es propiedad del Señor como tiene al Señor como propiedad, y debe presentarse como tal, para que él mismo posea al Señor y a la vez sea poseído por el Señor (San Jerónimo, Carta a Nepociano, sobre la vida de los clérigos y monjes, 5). Este consejo de San Jerónimo para mí en este momento tiene una gran fuerza espiritual: ser sacerdote es tener al Señor como la única riqueza y a la vez ser propiedad exclusiva del Señor para el bien de su Iglesia. 

Nací el 07 de marzo de 1992 en Candeias- MG, Brasil. Soy el mayor de dos hijos y mis padres siempre fueron muy católicos. Desde que tenía uso de razón yo ya me imaginaba sacerdote. Lógicamente habría que dejar que el tiempo madurara o no aquella idea que algunos veían simplemente como cosas de niños. Un día estaba en una misa de semana en mi parroquia y providencialmente conocí a algunas consagradas del Regnum Christi que estaban de paso por mi pueblo. Me preguntaron si quería ser sacerdote y yo dije que sí. Conocí luego por medio de una madrina mía del Regnum Christi, Aparecida Cardoso, al P. Ángel Llorente LC, quien me orientó y me acompañó en mis primeros pasos vocacionales. Desde el inicio encontré en mis padres un gran apoyo y una enorme fe en mi decisión de salir tan chico de casa.

El 03 de enero de 2005 ingresé a la apostólica de São Paulo y como un niño de 12 años todo para mí era nuevo. Fui aprendiendo mucho con la ilusión de vivir con intensidad mi camino, aunque largo, al sacerdocio. Agradezco el acompañamiento y la paciencia de tantos padres y hermanos que fueron mis formadores en los cinco años de seminario menor. Como en todas las etapas, hay luchas, hay dudas, hay pruebas, pero lo que no puede faltar: la certeza de que Cristo tenía un designio para mí. 

Mis dos años de noviciado, el primero en Brasil y el segundo en Colombia, fue un tiempo de mucha maduración en mi respuesta al Señor. Con la dinámica del noviciado experimenté que si no ponía la base de mi vida religiosa y luego sacerdotal todo el edificio podría derrumbarse. La base es la amistad con Jesucristo, sincera, auténtica, personal. Si por un lado es la experiencia de un encuentro con Él, por otro es la responsabilidad de anunciarlo, de llevarlo a los que lo necesitan y no le conocen. Conocer a Cristo no es poseerlo para sí, sino anunciarlo con todas las fuerzas y toda nuestra creatividad humana. Cuanto más se anuncia a Cristo con la vida y con las obras, más lo conocemos, porque Él, anunciado por nosotros, nos interpela siempre. 

Luego mi formación continuó en Salamanca, España y enseguida con los estudios filosóficos en Roma. Puedo decir que la formación legionaria es muy poliédrica. Personalmente considero que los estudios sagrados aunados con el estudio humanístico es una herramienta importante para formar a religiosos y sacerdotes no “almacenes de conocimiento”, sino hombres preparados para entender, dialogar y amar el reto misionero y evangelizador de nuestro tiempo. Todo lo que aprendemos en el seminario es para ser útil a la Legión, a la Iglesia, a las almas; es para que Cristo transforme, a través de nosotros, este mundo y el corazón de cada hombre. Por eso, dentro de todas las vicisitudes del periodo de formación, esto es lo esencial que queda para siempre en el corazón de Dios: que el tiempo y las energías invertidas, sea por mi parte sea por parte de mis formadores junto a la oración y el apoyo de tantos no fue en vano. El grano de trigo ha caído en tierra y dará su fruto. 

Sin embargo, la etapa más retadora para mí fueron los tres años de prácticas apostólicas. Aquello era como un noviazgo, ese periodo de conocimiento mutuo entre dos personas. Yo conocía más la Legión y el Regnum Christi y a la vez la Legión me conocía a mí. Porque en el fondo mi vida sacerdotal deberá ser siempre un dar, un salir, porque uno no se hace sacerdote para vivir estancado, cómodo, sino para ser “propiedad del Señor” y, por tanto, estar al servicio de su pueblo. Estuve dos años trabajando como formador y prefecto de estudios en la apostólica de Venezuela. Las circunstancias materiales, sociales, políticas no eran las mejores, pero me ayudaron a madurar tantas cosas. Debo decir que la mayor riqueza que encontré allí y me hizo crecer en mi corazón de futuro pastor es su gente espontánea, cercana, religiosa y generosa. En mi tercer año de prácticas cambié ambiente y fui enviado a Medellín, Colombia, para trabajar con adolescentes en el Colegio Cumbres. No puedo relatar aquí todas las experiencias vividas allí, pero recojo algo importante: a aquellas alturas del partido de mi camino vocacional, apoyado por mis superiores y por tanta gente que conocí, Dios me confirmaba siempre que me había elegido para ser su instrumento, que debería ser dócil y dejarme en sus manos, porque Él no defrauda nunca. 

Luego en el 2020 mi teología en Roma fue un periodo prácticamente de situación pandémica. Pero eso no quitó para nada el deseo de seguir formándome serenamente y con confianza en el Señor porque, en el fondo, quería dar toda mi vida al Señor y a su Iglesia. Estos últimos años de formación inicial es como un embudo, donde tienes que ir perfilando y objetivando aquello que realmente cuenta en el camino de la vida. Kierkegaard hablaba de “una pureza del corazón que consiste en tener una sola idea”. Para mí la idea se fortalecía y maduraba con la oración, con el estudio, con el acompañamiento sereno y cercano de mis formadores que me ayudaron en la recta final, el P. Christopher Brackett LC y el P. Gonzalo Rebollo LC; y también con la vivencia de la vida fraterna, especialmente con los que conformamos la generación que se ordena. Hay gente buena y bien preparada, lo sé. Es una gozada saber que no doy este paso solo, estamos sostenidos todos por el Señor y nos sostenemos mutuamente. 

San Ignacio de Loyola habla de experiencia fundante que es como una marca indeleble en el camino de la vida espiritual de una persona. Cuando hice mis ejercicios espirituales de mes en el 2020 recuerdo muy poco de lo que allí oré. Sólo me quedó una experiencia. Un día de los ejercicios en el momento de los oficios estaba yo limpiando la capilla y me pusieron a limpiar confesionarios. Me encontraba dentro del confesionario en la parte donde se sienta el sacerdote. En un determinado momento me puse a mirar atentamente el pequeño espacio donde me encontraba y pensé: en poco tiempo estaré aquí… y perdonaré. Sí, Cristo perdonará, yo perdonaré. Yo en el Él y Él en mí. No contuve las lágrimas. Parece que el tiempo se detuvo dentro de aquel confesionario, porque la misericordia es eterna y sólo la misericordia puede frenar el tiempo de los hombres, ese tiempo a veces cargado de miserias, de pecados, de fragilidad; ese tiempo, ese hombre, esa alma que, siendo abrazado por la misericordia, podrá fijar otra vez la mirada en Dios Padre y en su amor que es eterno. Y como si fuera poco, en aquella experiencia fundante se cumplía lo de San Jerónimo: Yo propiedad del Señor; el Señor mi única riqueza. Yo en Él y Él en mí. 

A las puertas del don del sacerdocio soy muy feliz. Dios ha puesto a personas maravillosas en mi camino, sin las cuales, quizás no estaría aquí. A mis padres, Célio y Nilza y mi hermano Adelson, que siempre me han sostenido con la oración. A mi madrina Aparecida que mucho hizo por mí en este largo camino. Al P. Ángel Llorente LC, sacerdote y amigo que desde el inicio me apoyó y con su bondad y cercanía siempre estuvo presente. A tantos amigos y conocidos que pasaron por mi camino, a todos manifiesto mi sincera gratitud. 

El sacerdocio no es el punto de llegada, es el punto de partida. El Espíritu Santo que es- en la intuición de San Basilio- “el artífice o el artista de la armonía”, me conceda la gracia de ser propiedad del Señor y tener al Señor como única riqueza para servir a los hombres con un corazón misericordioso, dispensando con gratuidad los misterios de Dios. 


Breve reseña:

P. Celso Júlio da Silva LC nació el 07 de marzo de 1992 en Candeias-MG, Brasil. Ingresó al Centro Vocacional de Arujá-SP el 3 de enero de 2005 y concluyó sus estudios primarios el 2009 en el Centro Vocacional de Porto Alegre-RS. Luego inició el Noviciado el 07 de marzo de 2010 en Arujá-SP. Al año siguiente fue transferido al Noviciado de Medellín, Colombia. Emitió sus primeros votos religiosos el 28 de enero de 2012 en el seminario menor de Medellín. En el mismo año apoyó como formador y profesor en el Centro Vocacional de Arujá, SP. Realizó las Humanidades Clásicas en Salamanca, España el 2012 y luego se graduó bachiller en filosofía en el Ateneo Pontificio Regina Apostolorum de 2013 al 2016. Concluida la filosofía, hizo prácticas apostólicas del 2016 al 2018 en el Centro Vocacional de Mérida, Venezuela, como formador y prefecto de estudios. Luego del 2018 al 2019 fue instructor de formación y auxiliar del ECYD en el Colegio Cumbres de Medellín, Colombia. El 2020 inició su bachillerato en teología en Roma y el 03 de enero de 2021 emitió los votos perpetuos. En los veranos de 2021 y 2022 ha apoyado como profesor asistente de filosofía en el Seminario María Mater Ecclesiae de Brasil. Fue ordenado diácono el 9 de julio de 2022 en la catedral metropolitana de Sao Paulo, Brasil. Como ministerio ha sido destinado a la docencia y ahora estudia una licencia en teología en el Institutum Patristicum Augustianum de Roma.       




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