Ordenaciones Sacerdotales

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Flávio Lopes, LC

Português

 

«Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus» (Lc 1, 78a). Com estas palavras resumo o mistério da vocação de cada homem chamado por Deus. Foram pronunciadas por Zacarias, depois que ele reconheceu que o seu filho João Batista era um presente de Senhor não só para a sua família, mas para todo o povo; um chamado incrível, preparar a todos para que recebessem o Messias. Esse é o mistério de vocação, é um dom imenso, mas que tem somente sentido se é realizado no serviço às almas, só alcança a sua plenitude quando a vida da pessoa consagrada e toda a atividade apostólica começam e terminam em Deus. Por que o Criador daria um presente desse tamanho para um homem? Essa foi a dúvida de Zacarias, parece algo impossível, mas somente se entende na fé, pois é uma graça de Deus, que é bom e misericordioso com o seu povo e sobretudo com os seus escolhidos.

 

Minha vocação começou bastante cedo, muito cedo, acho que por isso tanto me impacta a vocação de João Batista. Nasci em Curitiba, cidade do sul do Brasil, numa família católica e sou o menor de três irmãos. Quando tinha quatro ou cinco anos, meus parentes perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, como se costuma perguntar às crianças, eles esperavam alguma coisa como «jogador de futebol», «policial», «cantor», mas era uma surpresa quando a minha resposta era “eu quero ser padre”. Alguns se surpreendiam, outros riam e diziam que quando crescesse um pouco com certeza mudaria de ideia.

 

Dito e feito, aos dez anos eu já não queria ser padre…, mas ainda assim participava no grupo de coroinhas da minha Paróquia, onde fiz bons amigos. Um deles nos convidou para conhecer um seminário, que, segundo ele dizia, era um lugar incrível. Quatro de nós fomos para conhecer o lugar, realmente muito legal, mas hoje me pergunto o que foi que me atraiu, pois eu não gostava de jogar futebol, a piscina me dava um pouco de medo, os jogos de mesa não eram grande coisa e nem sequer tinham vídeo game. O que me atraiu foi a alegria dos padres e dos seminaristas. Existia ali um ótimo ambiente de acolhida, nos ensinavam a falar com Jesus como uma pessoa viva e insistiam muito na formação dos jovens. Lembro-me que nos contavam a história de São José Sánchez del Río, um jovem mártir mexicano. Quando escutava, sentia que todos poderíamos fazer grandes coisas por Cristo e pelo mundo. Todo o desejo que tinha de ser sacerdote voltou como um furacão no meu interior.

 

Entrei na apostólica em 2006. Hoje agradeço o esforço e o apoio dos meus pais, ainda que para eles foi muito difícil deixar eu sair de casa nessa idade. Estava muito feliz na apostólica, foram quatro anos maravilhosos, com muitos amigos que continuaram o caminho ao sacerdócio e outros que não, mas acho que foram grandes momentos de aprendizagem para todos. Depois de um ano de entrar no seminário tive uma crise, inclusive cheguei a dizer a um dos padres que queria ir embora, mas foi durante um momento de oração diante do Sagrado Coração, quando eu senti no meu interior que não podia estar «brincando com Deus», que Ele me chamava, mas me deixava livre para escolher o que eu que quisesse; se fosse o sacerdócio, que desse a minha vida cem por cento, se fosse como leigo, que fosse cem por cento, o importante é que minha entrega a Deus nunca fosse uma entrega medíocre. Não duvidava do chamado de Deus, mas sim do que eu ia responder. Foi então quando eu disse «sim» a Deus no caminho do sacerdócio.

 

A formação foi longa, pois já passaram dezessete anos desde que saí de casa. Deus sempre surpreende, nos mima tanto com suas bençãos, mas também encontramos pedras no caminho, que são muitas vezes os melhores mestres, coisas que Deus permite que aconteçam sempre com um objetivo: demonstrar que nos ama, tem misericórdia das nossas misérias, sempre tira coisas boas do que às vezes é difícil quando as vivemos.  

 

Um momento muito significativo nestes anos foram as práticas apostólicas. Tive a graça de trabalhar no México, dois anos como promotor vocacional de jovens e um ano como formador no seminário menor de Guadalajara. Um país fantástico, no qual conheci tantas pessoas maravilhosas. No trabalho com jovens e adolescentes, é incrível ver Deus tocando em tantos corações. Jesus continua chamando como chamava seus apóstolos no mar da Galileia para ser seus sacerdotes ou cristãos comprometidos. Entretanto, nem sempre os jovens encontram o caminho e alguém que os acompanhe, muitas vezes o futuro de grandes apóstolos fica amputado, com medo de ser generosos e de se entregar a Deus, às vezes afogado na mediocridade ou inclusive no pecado. Eu sentia que Deus tinha me colocado ali por uma razão, pois eu também tinha sentido o chamado de Deus desde muito jovem e fiquei na encruzilhada entre a felicidade e a mediocridade. Esse foi um dos meus grandes objetivos, falar de como Deus foi bom comigo e quer a felicidade de todos, quer apóstolos, quer pessoas autênticas e generosas. Deus quer um exército de santos.

 

Ao aproximar-me agora do sacerdócio, me sinto com grande alegria interior e confiança em Deus, que nunca nos abandona. Agradeço a todos os que Deus quis que até hoje passassem pelo meu caminho, foram de uma forma ou de outra seus instrumentos para me preparar para este momento, que é um grande início. Se uma coisa quero pedir a Deus nesse momento, e gostaria que todos pedissem nas suas orações por mim, é o dom da perseverança no serviço de Deus. Esta é a petição que colocarei no meu recordatório da ordenação sacerdotal: «uma só coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para admirar aí a beleza do Senhor e contemplar o seu santuário» (Salmo 27, 4).

 

 

 

Español

 

«Gracias a la ternura y misericordia de nuestro Dios» (Lc 1, 78a). Con estas palabras resumo el misterio de la vocación de todo hombre llamado por Dios. Fueron pronunciadas por Zacarías, después de reconocer que su hijo Juan Bautista era un don del Señor no sólo para su familia, sino para todo el pueblo, una llamada increíble, de preparar a todos para recibir al Mesías. Este es el misterio de la vocación, es un don inmenso, pero sólo tiene sentido si se realiza al servicio de las almas, sólo alcanza su plenitud cuando la vida de la persona consagrada y toda actividad apostólica empiezan y acaban en Dios. ¿Por qué el Creador le daría tal regalo a un hombre? Esta era la duda de Zacarías, parece algo imposible, pero sólo se puede entender en la fe, porque es una gracia de Dios, que es bueno y misericordioso con su pueblo y sobre todo con sus elegidos.

 

Mi vocación empezó muy temprano, pero muy temprano, creo que por eso me impactó tanto la vocación de Juan Bautista. Nací en Curitiba, ciudad del sur de Brasil, en el seno de una familia católica y soy el menor de tres hermanos. Cuando tenía cuatro o cinco años, mis parientes me preguntaban qué quería ser cuando fuera grande, como se suele preguntar a los niños, esperaban algo como «futbolista», «policía», «cantante», pero era una sorpresa cuando mi respuesta era «quiero ser sacerdote”. Algunos se sorprendían, otros se reían y decían que cuando fuera grande definitivamente cambiaría de opinión.

 

Dicho y hecho, a los diez años ya no quería ser cura…, pero aún participaba en el grupo de monaguillos de mi parroquia, donde hice buenos amigos. Uno de ellos nos invitó a un seminario y dijo que era un lugar increíble. Fuimos cuatro monaguillos a conocer el lugar, era genial, pero hoy me pregunto qué me atrajo, porque no me gustaba jugar al fútbol, la piscina me asustaba un poco, los juegos de mesa no eran gran qué y ni siquiera tenían vídeo juegos. Lo que me atrajo fue la alegría de los sacerdotes y apostólicos. Allí había un ambiente muy acogedor, nos enseñaban a hablar con Jesús como una persona viva e insistían mucho en la formación de los jóvenes. Recuerdo que nos contaron la historia de San José Sánchez del Río, un joven mártir mexicano, y cuando escuché sentí que todos podíamos hacer grandes cosas por Cristo y por el mundo. Todo el deseo que tenía de ser sacerdote se volvió un huracán dentro de mí.

 

Ingresé en el seminario menor en el año 2006. Hoy agradezco a mis padres por su esfuerzo y apoyo, a pesar de que fue muy difícil para ellos dejarme salir de casa a esa edad. Fui muy feliz en la apostólica, fueron cuatro años maravillosos, con muchos amigos que siguieron en el camino del sacerdocio y otros que no, pero creo que fueron grandes momentos de aprendizaje para todos. Después de un año de entrar al seminario tuve una crisis, incluso le dije a uno de los sacerdotes que me quería ir, pero fue en un momento de oración ante el Sagrado Corazón, cuando sentí en mi interior que no podía estar «jugando con Dios», que Él me llamaba, pero me dejaba libre para elegir lo que quisiera; si era el sacerdocio, que diera mi vida al cien por cien, si fuera como laico, que fuera al cien por cien, lo importante es que mi entrega a Dios nunca fuese una entrega mediocre. No dudaba del llamado de Dios, pero sí de lo que yo iba a responder; ahí fue cuando le dije «sí» a Dios en el camino del sacerdocio.

 

La formación ha sido larga, han pasado diecisiete años desde que me fui de casa. Dios siempre sorprende, nos mima mucho con sus bendiciones, pero también encontramos piedras en el camino, que muchas veces son las mejores maestras, cosas que Dios siempre permite que sucedan con un objetivo: demostrar que nos ama, que tiene misericordia de nuestras miserias, siempre saca cosas buenas de momentos que a veces son difíciles cuando los vivimos.

 

Un momento muy significativo en estos años han sido las prácticas apostólicas, donde tuve la gracia de trabajar en México, dos años como promotor vocacional de jóvenes y un año como formador en el seminario menor de Guadalajara. Un país fantástico, en el que conocí a tanta gente maravillosa. Trabajando con jóvenes y adolescentes es asombroso ver a Dios tocar tantos corazones, Jesús sigue llamando como llamó a sus apóstoles en el Mar de Galilea para que sean sacerdotes o cristianos comprometidos. Sin embargo, no siempre los jóvenes encuentran el camino y a alguien que los acompañe, muchas veces el futuro de grandes apóstoles está amputado, temerosos de ser generosos y entregarse a Dios, a veces ahogándose en la mediocridad o incluso en el pecado. Sentí que Dios me había puesto allí por algo, yo también había sentido el llamado de Dios desde muy joven y estaba en la encrucijada entre la felicidad y la mediocridad. Ese era uno de mis principales objetivos, hablar de cómo Dios fue bueno conmigo y quiere la felicidad de todos, quiere apóstoles, personas auténticas y generosas, Dios quiere un ejército de santos.

 

Ahora que me acerco al sacerdocio, siento una gran alegría interior y confianza en Dios, que nunca nos abandona. Quisiera agradecer a todos aquellos que Dios quiso pasaran en mi camino hasta el día de hoy, quienes fueron de una manera u otra sus instrumentos para prepararme para este momento que es un gran comienzo. Si una cosa quiero pedir a Dios en este momento, y quisiera que todos pidieran en sus oraciones por mí, es el don de la perseverancia en el servicio de Dios, es la petición que pondré en el recordatorio de mi ordenación sacerdotal: «Una cosa he pedido a Yahveh, una cosa estoy buscando: morar en la Casa de Yahveh, todos los días de mi vida, para gustar la dulzura de Yahveh y cuidar de su Templo» (Salmo 27, 4).

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